O clássico que me marcou: O Bra-Pel dos 9
Há vinte dias do clássico Bra-Pel o Jornal do Guerreiro está produzindo matérias especiais. Conversamos com pessoas identificadas com os dois clubes para saber qual duelo foi o mais marcante para eles. Certamente você torcedor também irá lembrar-se destes jogos.
Dia 19 de fevereiro de 2004, estádio da Boca Lobo, Pelotas e Brasil entraram em campo para decidir o título do Citadino. Este foi o Bra-Pel que marcou o médico André Guerreiro, na época que acumulou a função de vice-diretor de futebol do Brasil e médico do clube.
- Por toda a dificuldade que foi jogar com dois a menos e também por eu ser o vice de futebol no momento. Era nossa primeira competição, conseguimos uma vitória e o título histórico como foi. Isso marca muito – destacou André Guerreiro.
Sendo médico do clube, André, esteve no banco do rubro-negro durante o jogo. Foi do reservado Xavante que ele viu a bola rolar para o clássico. Deste ângulo viu o atacante Claudio Millar fazer falta por trás e receber o cartão vermelho de Leonardo Gaciba. A expulsão deixou uma insegurança no time.
- De primeira achei que ficaria muito difícil, pois havíamos perdido nossas esperanças de gol porque o Millar estava muito bem e sempre era nossa esperança – contou Guerreiro.
A esperança havia diminuído com a expulsão do goleador Xavante. Para piorar a situação para o Brasil, Neuri acertou uma cotovelada no adversário e também foi para o chuveiro mais cedo. Estava tudo nas mãos do Pelotas.
- Nesse momento eu só pensava e pedia que a derrota não fosse por muito porque realmente era o que estava se desenhando. Com dois a menos na casa do adversário seria muito difícil de segurar – revelou o médico Xavante.
O que parecia impossível aconteceu. O Brasil chegou ao gol na bola área. Careca aproveitou o rebote e fez a torcida ir ao delírio na arquibancada. Dentro do campo Guerreiro comemorava, mas sabia que ainda teria muito jogo pela frente.
- Foi uma mescla de felicidade com um sentimento de tensão porque com a desvantagem a qualquer momento eles poderiam reverter – destacou André.
E reverteriam. O gol de empate veio no primeiro tempo, Serjão virou na entrada da área e chutou firme para empatar. A bola na rede empolgou o time do Pelotas que pressionava o Brasil. A pressão áureo-cerúlea continuou no segundo tempo e o que parecia provável aconteceu. O Lobo chegou a virada com Giovani.
- Infelizmente o esperado aconteceu. Eu me abalei muito no reservado, mas notei nos jogadores que estavam em campo uma vontade louca de reverter – contou o médico – que viu a vontade de reverter dar resultado e virar gol. O Brasil chegava ao empate em mais uma bola área. Desta vez Joel quem botou para o fundo da rede.
Logo em seguida do gol André entrou no campo para atender um jogador do Brasil que estava caído. Foi aí que o médico sentiu que o Xavante poderia conseguir a vitória.
- Quando empatamos fiquei louco no reservado e em seguida entrei para atender um atleta nosso e vi dois jogadores do Pelotas batendo boca dizendo “toca a bola deixa de ser cagão, mas não vamos nos complicar, vamos segurar” querendo dizer para segurar até a prorrogação. Com isso notei que eles estavam abalados com nossa pegada e disposição.
O texto do camarada Vinicius Guerreiro é show de bola, tem estilo e tudo o mais. Talvez pudesse ser menos “televisivo”. E tem alguns clichezinhos, mas que servem de filé com fritas.
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