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Ilustração: Weberson Santiago |
Desde 2009, quando por 8 votos a 1 o STF (Supremo Tribunal Federal)
derrubou a obrigatoriedade do diploma de jornalista, o assunto tem causado polêmica na sociedade.
Específica, por parte de jornalistas contrários ou a favor da decisão e geral,
por parte daqueles que exercem outras profissões, mas gostariam de, no caso de
algum assunto que lhes diga respeito, opinar em algum jornal. Gilmar Mendes, relator do recurso, hoje é
considerado um dos maiores inimigos dos jornalistas no Brasil. Mas, em um país
onde boa parte dos parlamentares é vinculada a grandes meios de comunicação, o
buraco parece ser mais embaixo.
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Sen. Eduardo Suplicy (PT-SP) Foto:Waldemir Barreto/Agência Senado |
Para ser mais exato, o número de deputados concessionários
de rádio ou TV passa de 80 congressistas. O que é proibido. Segundo o Artigo 54,
deputados e senadores, a partir do momento em que tomam posse, não podem “firmar ou manter contrato” ou “aceitar
ou exercer cargo, função ou emprego remunerado” em empresa concessionária de
serviço público. A primeira linha do artigo seguinte, 55, é categórica: "Perderá
o mandato o deputado ou senador que infringir qualquer das proibições
estabelecidas no artigo anterior".
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O senador ACM Jr. (DEM-BA) |
Ainda em 2009, após a decisão do STF pela não
obrigatoriedade do diploma de jornalista, o senador Antonio Carlos Valadares
(PSB) criou uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que exige novamente o
diploma para jornalistas. Após muita discussão
política, a proposta fora aprovada em primeiro turno com 65 votos a favor e 7
contra. Dentre os votos contrários, Fernando Collor de Melo (PTB),
Aloísio Nunes (PSDB), Demóstenes Torres (DEM), Kátia Abreu (PSD) e Renan
Calheiros (PMDB). Apesar disso, por se tratar de uma PEC, haverá segundo turno
no senado, ainda sem votação prevista. Referendada, ela será remetida ao Congresso
Nacional, onde enfrentará, como já dito, os mais de 80 deputados donos de
concessões de rádio e TV, abertamente contrários ao projeto. O deputado Paulo
Pimenta (PT-RS), é autor de proposta idêntica e coordenador da Frente
Parlamentar em Defesa do Diploma de Jornalista. Ele falou sobre o caso:
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Foto: Luzilene Pimentel |
Leon Sanguiné: Qual a tua relação com o jornalismo?
Alessandro Martins: Formei-me em
Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo em 1998, pela UFPR e trabalhei
durante quase 15 anos como repórter, editor e outras atividades similares em
jornais de Curitiba.
LS: Por que achas que o diploma não é necessário para a exerção da profissão de jornalista?
AM: Por que não é ele que garante
a qualidade dos conhecimentos técnicos do profissional, mas efetivamente os
conhecimentos técnicos em si e o domínio sobre eles.
LS: Como tu substituis os conhecimentos técnicos, aprendidos na faculdade, nas tuas atividades profissionais?
AM: Não substituo. Uso os
conhecimentos técnicos aprendidos sobretudo em jornais e profissionalmente.
LS: O diploma já te fez alguma falta para elas (as atividades profissionais)?
AM: Nunca me pediram o diploma nos
testes de admissão, apenas, depois de admitido, no RH, pois era necessário pela
questão legal. Nos meus primeiros anos, mesmo sem diploma trabalhei no Jornal
Indústria e Comércio em Curitiba, creio que entre 1995 e 1997, ainda como
estudante ganhando o piso ou mais, dependendo da função exercida. Embora eu
tenha o diploma, ele não me faz falta. Creio que as universidades devem provar
o seu valor pela qualidade de ensino que oferecem e não porque fornecem, após
quatro anos de enrolação, concedem um papel obrigatório ao exercício da
profissão.
Vinícius Guerreiro, sócio administrador da Clinitags Serviços
Multimídia e favorável à obrigatoriedade o conhecimento técnico é obtido
através da faculdade e o diploma é a representação disto. “A importância na
Clinitags é devido ao conhecimento técnico e dá área que tu aprende na
faculdade. O jornalista aplica toda a experiência adquirida dentro da
universidade no seu trabalho. O que qualifica a empresa”.
Com diploma ou não, os grandes meios de comunicação já
manifestaram que irão contratar apenas jornalistas formados. Mas o respeito
pela profissão será o mesmo? Quem deve decidir o que é necessário para o exercício
do jornalismo? Esta será a única alteração na profissão? Ainda há muitos
capítulos.