
Antes
Eu tava na porta do hotel, com uma mochila contendo um casaco, documentos e ingressos quando me lembrei que não sabia chegar lá. Isso já aconteceu mais vezes do que vocês podem imaginar. Enfim, voltei pro quarto e paguei incríveis OITÔ reais por meia hora de internet no hotel só pra descobrir qual o trajeto eu deveria fazer pra chegar no Lollapalooza. Abri o site oficial e não entendi patavinas, então apelei para os populares. Vi que a Patrícia tinha postado uma foto explicando pro André comofasia pra chegar. Anotei tudo, desarrumei a cama em sinal de protesto aos OITÔ reais e partilsis. O plano era: Eu tinha que esperar o André chegar na linha amarela do metrô pra pegarmos o sentido Butantã, descermos numa rua que eu não lembromais o nome e seguirmos o fluxo até o Jockey Club. Beleza, fizemos tudo isso, paramos numa padoca pra comprar água (que, por sinal, eu tinha esquecido que só entrava no festival em copinhos, aí comprei em garrafa e tive que beber tudo antes de chegar) e finalmente chegamos. Eu tava meio apreensivo porque, além de não ter documento com foto porque fui assaltado faltando menos de uma semana pro festival, tinha achado meio cabreiro o atestado de matrícula que eu imprimi. Beleza, entreguei o atestado de matrícula, o cara NEM OLHOU e carimbou a meia-entrada. Felicidade geral da nação. Nem fila a gente pegou.
A Entrada

Fila para entrar no 1º dia do Lollapalooza
Entramos e eu fui logo pro palco Butantã, porque queria ver qualera a situação pro show do Cage the Elephant, que aconteceria duas horas depois e eu queria muito ver. Nos falaram que aquele era o palco do Foo Fighters e deu uma cafusão danada, porque, cara, impossível ter só aquele pingo de gente esperando ali sentada. Aí nos confirmaram que o palco do Foo era o outro e me deu um misto de alegria e decepção, porque eu já tava pensando MARAVILHA, VOU FICAR MUITO PERTO.
Ritmo Machine

Wander Wildner

onde tava começando o show do Wander Wildner. Sempre quis ir, mas ele nunca foi a Pelotas. Ou pelo menos eu nunca tinha visto nada. Tinha uma gauchada por perto e foi sensacional. Acho que o público deveria ter valorizado mais. Ele tocou todasaquelas músicas dele que são todas iguais e mais algumas outras clássicas do rock gaúcho, como Um Lugar do Caralho e Amigo Punk, que foi engraçadíssimo ver que só os gaúchos tavam cantando AND entendendo a letra. Tinha uma Karen cover do meu lado e eu pensei em tirar foto pra mandar pra original, mas ela tava com namorado do lado e eu não queria ser expulso do Lolla tipo menos de uma hora depois de entrar. Enfim, foi massa pra caralho. Aí eu fiz a maior besteira de todos os tempos. Tava num lugar sensacional pra ver o show do Cage, o mais aguardado por mim, mas resolvi que daria uma voltinha pelos palcos e compraria algo pra comer (o que incluía pagar 4 bilhões de barras de ouro por um sanduíche médio).
Cage the Elephant

Voltei e o público inteiro tinha chego. Não consegui ficar num lugar sensacional como era o que eu tava antes, mas era bom o novo. Começou o show e na primeira música eu voei pra frente, perdi meu chapéu e mochila –que depois me devolveram, brigado, galera – e comecei a curtir demais. O som tava uma bosta e não dava pra escutar a voz do Matt, mas todo mundo em volta sabia todas as letras, então nem foi algo tão terrível. Tá, foi sim, eu queria ter escutado direitinho o show. Mas aí quando eles começaram a tocar Tiny Little Robots eu já não tava mais me importando com nada, o show tava demais. Perto dali o Matt deu o primeiro Mosh. Nunca foi tão violentado em toda a vida, disse ele. Eu, que tava achando o público pouco muito animado, parei de pensar isso. “Se o cara curtiu, quem sou eu pra discordar?”. Aí comecei a pular mais, meu chapéu fugiu (?) da minha cabeça e, PASMEM TODOS, me devolveram. Foi como se o meu chapéu tivesse feito um mosh pela galera toda e tivessem devolvido ele pro palco, no caso, a minha cabeça. Eu esperava que o show fosse MODAFCUKINPRACARALHODEMAIS, mas, por causa do som, foi só MODAFUCKINPRACARALHO. Mesmo assim foi o terceiro melhor de todo o festival. Queria ter ficado mais na frente. Nunca mais achei o André depois do show, mas beleza, porque outros dois amigos tavam chegando.
Luísa Micheletti

Uma deusa, uma louca, uma feiticeira. Ela é demais. (Rick & Renner)
Resolvi dar uma volta de novo porque no Cidade Jardim tava tendo o show d’O Rappa que eu já tinha visto antes e achado sensacional, mas não queria ver de novo e no Butantã ia ter uma hora de ócio até o show do Band of Horses, que eu não fazia questão de ficar apertado na frente pra ver. Por falar em ver, foi aí que eu vi a coisa mais sensacional de todo o festival. Ali, do meu lado, sem eu nem reparar. Ali, do meu lado, no estande do Multishow. Ali, com cabelos castanhos e eu achando que eram pretos. Luísa Micheletti. Não consegui mais sair dali. Até marquei de encontrar com o Fabian e a Greta do lado do estande do Multishow porque queria ficar mais tempo perto dela. Na verdade eu fiquei espiando o tempo todo pra ver quando ela ia entrar no twitter só pra eu tuitar “tô aqui no lolla do lado da @lumicheletti e ela é um pão-de-ló”. Na minha foto do twitter eu tô de chapéu também, certamente ela iria me reconhecer e vir declarar o seu amor pelo Leon. Enfim, ela nem olhou pro celular. O Fabian e a Greta chegaram e eu avisei que eles deveriam pegar uma pulseira da Heineken, caso quisessem pagar 8 bilhões de barras de ouro por um copo menor que os vendidos em tempos de outrora nos jogos do Xavante. Beleza, eles pegaram a pulseira e fomos todos pro caixa (FILA GIGANTEMENTE GIGANTE) trocar dinheiro por Pilapallooza. Ou Lollapapila. Pappillalluzza. Pippallalluzza. Sei lá. Trocar pela moeda superfaturada do festival. Feito isso fomos pro show do Band of Horses.
Band of Horses
Eu não conhecia absolutamente nada da banda, mas fui porque já tava cansado de ficar perambulando. Quer dizer, acho que eu conhecia, ouvi alguma coisa antes do festival, sei lá. O que importa é que começou o show e eu ainda tava MUITO
pilhado do show do Cage, logo, eu queria outra apresentação enérgica, de ficar pulando, cantando e empurrando a gurizada toda. Não. O show do Band of Horses foi mais tranquilão. De se ouvir e curtir o som entrando. Mas, como eu disse, não era essa vibe que eu queria, então essa foi a minha visão desse show:

Band of Horses: Uma banda muito boa pra se ouvir fazendo cafuné em Luísa Micheletti
Que foi bem legal. A banda é boa, as músicas são daquelas de encher o peito e depois eu descobri que a Luísa Micheletti curte muito. Se eu tivesse descoberto isso antes, teria curtido muito mais pra parecer “olha, temos algo em comum, desce daí e vamos viver esse amor ouvindo Band of Horses”.
Peaches

Peaches: Peitos que pensei serem dentes de alho
Cara, o que aconteceu depois do Band of Horses eu não conseguia lembrar de jeito nenhum. Na viagem de volta pra Pelotas eu passei umas duas horas tentando lembrar até me atinar de pegar o treco que tinha o line-up e ver. Aí lembrei que a gente saiu e foi dar uma olhada no show da Peaches, mas eu interpretei mal a roupa dela e pensei que era um tipo de Lady Gaga. Pensei que a mina tava usando uma roupa bordada com CABEÇAS DE ALHO, mas na verdade eram peitos. Quando uma pessoa não consegue distinguir cabeças de alho de peitos é porque tem alguma coisa de errado na vida. Acho que vou procurar um especialista.
Foo Fighters

Dalí tem um vácuo que eu não lembro o que aconteceu e a gente foi pro Cidade Jardim ver um pedaço do show do TV on the Radio (que é bem legal, btw) e esperar bonitinhos o show do Foo Fighters.
Uma hora e meia antes e o troço já tava lotado. Fomos indo até onde dava tentando sempre fugir dos buracos, o que foi praticamente impossível porque tem algum santo que não gostou da gente e nos colocou em todos os buracos do Jockey Club. Além dos buracos, altas pessoas (risos) de 2 metros ficavam na nossa frente, não tinha espaço nem pra mexer o braço e uns cariocas tavam se achando engraçadinhos atrás da gente, mas tudo isso valeu a pena, porque mal o FF começou a tocar All My Life eu já tinha sido empurrado uns 5 metros pra frente, tipo aquelas esteiras do Crash no Play1. Aí foi tudo lindo. Eu fui cada vez indo mais pra frente e o show tava muito sensacionalmente sensacional. Vendo o vídeo agora eu noto o que falam de que o Dave Grohl tava com a garganta fodida, mas lá nem notei isso. Depois de uns 20 minutos eu fiquei exatamente atrás de uma legião de gigantes vestidos de preto e não consegui ver The Pretender e My Hero, mas eu sou magrinho, no meio desta eu deslizei pelo meio deles e consegui ver Learn to Fly, que é a minha favorita, de um lugar legal. Um dos melhores momentos do dia. Depois tocou White Limo que eu acho um pé no saco então nem vou escrever nada sobre. Aí veio Breakout e foi um dos momentos de maior empolgação da negada, logo, dei mais passos pra frente. Só que aí, depois disso, veio um cara que parecia o Kurt Cobain e que sabia todas as letras e foi passando por todo mundo como se tivesse esse direito pelo simples motivo de parecer com um cara do Nirvana. Depois de um tempo, lá por Walk, eu fiquei do lado de uma mina incrivelmente CHATA. Quando eu pulava dava gosto de pisar no pé dela. A mina reclamava de todo mundo que cantava, não pulava nunca e queria um espaço ~~~~só pra ela~~~. Eu tava vendo a hora que o Dave Grohl ia fazer isso:
Algumas músicas depois o Dave apresentou os músicos e cada um fez um solo (bem fracos, por sinal). Obviamente todo o público gritou “Dave na bateria, Dave na bateria”, aí ele fez um charminho de adolescente e foi. Diferença brutal entre ele e o Taylor. Pronto, ficamos todos felizes e o show voltou à normalidade. Na hora de Best of You rolou aquela apreensão de ia rolar ou não o tão criticado flash-mob de cartazes com “OH OH”. Eu confesso que achei meio vergonha alheia, mas sei lá, na verdade deixa todo mundo se divertir do seu jeito, se todo mundo criticar qualquer atitude o planeta vai virar o lugar perfeito pra mina chata aquela. Enfim, sobre o que eu tava falando mesmo? Ah tá, Best of You. Nessa altura do campeonato eu já tinha me livrado da chatinha, mas tava do lado de uma criança de uns 14 anos minúscula e acompanhada dos pais, aí nem deu pra pular muito e eu fiquei paradinho curtindo o show e descansando um pouco.
Depois disso teve aquele momento CLÁSSICO que até hoje eu só vi a Legião Urbana tratar abertamente e falar “agora a gente vai sair ali um pouquinho, vocês gritam o nosso nome e a gente volta”. Na versão Foo Fighters esse momento foi preenchido com um vídeo direto do camarim num clima meio Zorra Total. Dave falando que iria tocar mais uma música e o Taylor atrás mostrando que seriam duas. Dave falando que, ok, tocaria mais duas e o Taylor pedindo três e por aí foi até que finalmente ficou claro que seriam mais cinco.
A volta foi épica. Talvez mais pra mim, porque eles tocaram Dear Rosemary, que é a minha predileta do disco novo e eu nem imaginava que fosse estar no show. Depois de babar o ovo do organizador do festival, o Dave babou o ovo da Joan Jett e chamou ela pro palco pra tocar Bad Reputation e I Love Rock N’Roll. Sensacional. Depois disso era só tocar Everlong e ir embora mesmo, o espetáculo tava completo.
Dá gosto ver uma banda com gosto pelo palco.
O que não deu tanto gosto foi a volta.
A Volta

Público chegando ao metrô após o 1º dia do Lollapalooza
Obviamente eu não fazia mais a menor ideia de onde meus amigos estavam, então segui o fluxo e fui em direção ao metrô MORRENDO DE SEDE DEUS DO CÉU QUE SEDE, mas tava sem dinheiro. Cheguei no hotel depois e botei a boca embaixo da torneira do banheiro risos. Tá, sem interrupções pra contar histórias futuras, vamos nos concentrar no lance da saída. Então segui o fluxo e fui em direção ao metrô. Chegando lá parecia que todo o festival tinha decidido voltar da mesma forma. E óbvio que os funcionários do metrô não esperavam aquele movimento faltando uma hora pra irem embora. Tava um lance meio The Walking Dead trocentas e vinte pessoas morrendo de cansaço tentando entrar no metrô por SETÊ catracas. Sendo que uma começou a funcionar só quando eu já tava perto. Sério, caro leitor, nunca pegue metrô após um evento grande no Jockey Club.
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